quarta-feira, março 21, 2012

Porque o Brasil não vai dar certo

Deputada cantante no plenário do Estado laico
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Ok, o assento não era preferencial, mas ainda assim, o bom senso impera (ou deveria) quando uma pessoa com um bebê no colo sobe no ônibus, principalmente se a gentileza foi aconselhada. Fato é que não se deve permanecer sentada e discutindo com o cobrador que apenas esperava um ato de boa cidadã.
A cena pode não ter sido captada por completo, mas foi melhor ser surdo naquele momento e não conseguir ouvir suas vozes e argumentos falhos.
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Político que despreza a própria assinatura de compromisso de eleição
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Copa virou desculpa e forma de educação de um povo burro
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O carnaval revolta e movimenta mais que a política e futuro do país
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Ciclista pode o que os outros não podem com eles
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Iniciado em: março de 2012
Abandonado em: todo ano de 2013
Publicado em: (desistência de) hoje

segunda-feira, janeiro 09, 2012

Um salão de belezas

O cenário é o centro caótico de São Paulo, onde o cheiro urina se acumula sob os cantos de ruas e calçadas lotadas de gente e lixo. As pessoas trafegam apressadas sobre seus pés e veículos, desumanizados descansam seus corpos em meio às pisadas rápidas daqueles chauvinistas que ignoram sua presença, daqueles que, com asco, aceleram seu ritmo frenético com a proximidade daquele ser desgostoso, daqueles que riem das "loucuras" destes seres asquerosos, daqueles que não admitem humanidade nos atos deste ser "louco".
Sob o efeito de drogas lícitas ou ilícitas, drogado por sua insanidade ou insano por sua vaidade, seja lá qual for a justificativa, o maltrapilho se alheia ao que lhe cerca e se cuida, só, de sua aparência. Com uma tesoura nas mãos, jogado no chão fétido e olhando para o chão como se tivesse algum objeto reflexivo atirado à sua frente, o indivíduo apara suas duras madeixas. Com a dificuldade de quem não enxerga o trabalho que faz, ele se contorce entre cada duas tesouradas. Observado por aqueles que ali transitam, ele segue seu empenho sem ouvir os comentários daquilo que faz. Sua dificuldade caminha pelas curvas de sua cabeça, pelas orelhas que se interpõem ao fio da lâmina e o fio de seu cabelo e, agora, pelas falhas que surgem em suas têmporas.
Totalmente adverso àquela situação, um sujeito maltrapilho bem vestido se aproxima e oferece, junto a suas mãos, seus olhos. Como um profissional em seu salão, cadeira e espelho, ele assume as tesouras e passa a cortar os cabelos de seu primeiro cliente. "Como vamos cortar hoje, meu amigo?" "Incline-se um pouco, senhor." "Só mais um pouquinho, senhor." " Aí está! Voilá!" E o mais novo cabeleireiro, profissionalmente, sugere ao cliente lavar os cabelos para retirar o excesso de pêlos. Satisfeito, o cliente se levanta, veste sua suja camiseta, deixa como pagamento a mais nova ferramenta do mais novo profissional da praça e observa a arte que orna sua fronte em uma vidraça qualquer, ou melhor, no espelho deste salão imaginário que dois seres esquecidos criaram para se tornarem um pouco humanos.
Ao final, apenas tufos permanecem, traídos, para voar pelas pisadas, ao lixo, à urina.

domingo, janeiro 01, 2012

O dilema do Cravo

O Cravo se despedaça, se auto-flagela,
Porque o Cravo não quer que a Rosa sofra por ele.
O Cravo se arranca as pétalas,
Porque sua vontade era poder podar-se.
Porém se o Cravo cortasse fora
O que lhe une ao solo fértil,
Capaz seria da Rosa não mais viver.
E como seria, capaz o Cravo,
Morrer com a culpa
De ter matado a quem lhe mais fez bem-querer?

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E se você
Achou que não rimou
Corretamente,
Um belo foda-se
Expressa tudo o que eu penso.